“The direction has been internationalisation, aware that this exposure to the world allows any ecosystem to affirm itself and be recognised” | Miguel Fontes, Executive Director of Startup Lisboa
“In the last 10 years, the direction has been internationalisation, aware that this exposure to the world allows any ecosystem to affirm itself and be recognised internationally.”
Interviewing Miguel Fontes, the Executive Director of Startup Lisboa
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O que trouxe 2021 ao ecossistema?
Não podemos definir o ecossistema no singular, mas podemos afirmar que a uns trouxe, seguramente, um teste de pressão à sua capacidade de resistência e resiliência. A outros trouxe novas oportunidades que decorrem da situação criada pela pandemia e que veio reforçar algumas tendências no modo como as pessoas vivem, como consomem e no modo como trabalham.
Esta situação acentuou tendências como o consumo online e acelerou soluções relacionadas com o trabalho remoto, assim como com diferentes dinâmicas de digitalização.
Este foi também o ano em que Portugal atingiu o número de 7 Unicórnios, o que sendo em si mesmo muito significativo é, sobretudo relevante pelo que indicia sobre a qualidade das startups que compõem o nosso ecossistema. Seguramente por cada startup que atinge essa valorização, há muitas e muitas outras que, mesmo que ainda não o sejam ou que nunca cheguem a alcançar esse patamar, não deixam de ser empresas muito relevantes, que trazem inovação ao mercado, criam riqueza, geram emprego qualificado em, suma, criam imenso valor à economia e à sociedade.
Quais vão ser os grandes desafios para a comunidade da Startup Lisboa em 2022?
O grande desafio que se coloca é conseguir manter e reforçar o sentido de comunidade. Como facilmente se compreenderá, é muito mais difícil neste contexto em que a distância física impera, criar ligações e construir um sentimento de pertença numa comunidade. Como criar dinâmicas de partilha e de confiança? No fundo, como se cria um espaço de aprofundamento de relações, que, ao limite, são sempre pessoais? Este é um dos grandes desafios, decorrentes das novas dinâmicas de trabalho: continuar a fazer da comunidade um dos traços distintivos da nossa proposta de valor.
A Startup Lisboa vai fazer 10 anos no próximo ano. O que mudou no ecossistema desde a sua criação e como se desenha o futuro da incubadora nos próximos anos?
Há dez anos não havia propriamente um ecossistema. Quando muito havia um embrião. Havia muito menos empreendedores, muito menos startups, muito menos atores de suporte e de capacitação aos empreendedores, etc, etc. Hoje, não só quantitativamente a realidade é muito diferente, como, qualitativamente, o ecossistema é também muito mais maduro. Nestes últimos 10 anos, o movimento tem sido o da internacionalização, conscientes de que é essa exposição ao mundo que permite a qualquer ecossistema afirmar-se e ser reconhecido internacionalmente. A expressão disso mesmo é, não só o facto de um evento com a relevância da Web Summit ter escolhido Lisboa para sua casa, como o facto de serem cada vez mais os que elegem Lisboa como local para empreenderem, investirem ou trabalharem. Em suma, a par do muito bom talento que reconhecidamente somos capazes de gerar, estamos paralelamente a saber atrair talento.
Vejo o futuro da Startup Lisboa com muita confiança, e por uma razão muito simples: apesar de hoje, felizmente, existirem mais atores no ecossistema, a nossa proposta de valor no que às startups e aos seus fundadores diz respeito (de acesso a uma rede curada de mentores e de parceiros estratégicos, a ligação aos investidores e ao capital de risco, o apoio à sua notoriedade afirmação a ligação aos outros players do ecossistema, e essencialmente a construção de uma comunidade) continua a ser procurada e a encontrar eco no ecossistema.
Paralelamente, a nossa missão, enquanto Startup Lisboa, é também a de ser um ponto nevrálgico no próprio desenvolvimento e afirmação do ecossistema como um todo. A Startup Lisboa é a entidade de referência que faz a ponte e a ligação entre as diferentes partes do que constitui o ecossistema empreendedor de Lisboa.
De que forma é que as corporate tecnológicas podem tornar o nosso ecossistema melhor?
O contributo destas empresas é e pode continuar a ser muito relevante. Por um lado, pela capacidade que demonstram em trabalharem com startups, reconhecendo que hoje as suas áreas de desenvolvimento e de inovação não se podem esgotar nos seus departamentos internos de R&D, mas que precisam de saber trabalhar num ambiente de inovação aberta. Por outro lado, são muito relevantes pelas oportunidades de trabalho qualificado que geram nomeadamente no domínio das TI, o que se no curto prazo pode retirar disponibilidade empreendedora, no futuro próximo e a médio prazo, contribuirão para uma geração de profissionais e de empreendedores mais qualificados, experientes e sofisticados.
Que forças aporta Lisboa ao ecossistema internacional?
Obviamente que o que estamos há muito a fazer em Lisboa outros também o estão. Hoje é claro que nenhuma região pode dispensar o contributo das startups e dos seus empreendedores para a sua competitividade internacional. Se outros se afirmam pela proximidade aos grandes mercados de consumo, pela facilidade de acesso a capital, pelo facto de terem nas suas cidades sediadas grandes empresas e os seus centros de decisão; julgo que Lisboa, se deve e pode afirmar, enquanto um ecossistema que combina, como poucos, a capacidade de disponibilizar muito bom talento local, à capacidade de atrair talento em razão de oferecer uma excelente qualidade de vida, de ser servida por uma ótima infraestrutura tecnológica, de ter uma excelente economia de serviços, e, fundamentalmente, por sermos uma sociedade aberta, inclusiva e que sabe proporcionar um sentido de welcome como muito poucas. Se a tudo isto somarmos o facto de sermos um mercado relativamente sofisticado e de consumidores sensíveis à inovação, temos uma dimensão muito interessante para funcionarmos como um espaço de teste e de validação, num mercado que integra um mercado comum que é o europeu, funcionando assim excelentemente para a avaliação do product market fit.
What did 2021 bring to the ecosystem?
We cannot define the ecosystem specifically, but we can say that it has undoubtedly brought a pressure test of its resistance and resilience capacity to some. For others, it brought new opportunities arising from the situation created by the pandemic that reinforced some trends in the way people live, how they consume and how they work.
This situation accentuated trends such as online consumption and accelerated solutions related to remote work, as well as different digitalisation dynamics.
This was also the year in which Portugal reached the number of 7 Unicorns, which being in itself very significant is, above all, relevant for what it indicates about the quality of the startups that make up our ecosystem. Indeed, for each startup that reaches this valuation, there are many, many others that, even if they are not yet or will never get this level, are still very relevant companies that bring innovation to the market, create wealth, generate skilled employment and, in short, create immense value to the economy and society.
What will be the significant challenges for the Startup Lisboa community in 2022?
The big challenge is maintaining and reinforcing the sense of community. As you can easily understand, it is much more difficult in this context where physical distance rules to create connections and build a sense of belonging in a community. So how to make dynamics of sharing and trust? Deep down, how do we create a space for deepening relationships, which are always personal? This is one of the significant challenges arising from the new work dynamics: continue to make the community one of the distinctive features of our value proposal.
Startup Lisboa will celebrate 10 years old next year. What has changed in the ecosystem since its creation, and how does the incubator's future look in the coming years?
Ten years ago, there wasn't exactly an ecosystem. At most, there was an embryo. There were far fewer entrepreneurs, far fewer startups, far fewer support and training tools for entrepreneurs, etc. Today, quantitatively, the reality is very different, but the ecosystem is also much more mature qualitatively. In the last 10 years, the direction has been internationalisation, aware that this exposure to the world allows any ecosystem to affirm itself and be recognised internationally. The expression of this is not only the fact that an event with the relevance of Web Summit has chosen Lisbon as its home but also that more and more people choose Lisbon as a place to create startups, invest or work. In short, along with the excellent talent that we are admittedly able to generate, we can also attract talent.
I see the future of Startup Lisboa with a lot of confidence, and for a very simple reason: although today, fortunately, there are more players in the ecosystem, our value proposition regarding startups and their founders (of access to a curated network of mentors and strategic partners, the connection to investors and venture capital, the support to their notoriety statement, the connection to other players in the ecosystem, and essentially the building of a community) continues to be sought and to find an echo in the ecosystem.
In parallel, Startup Lisboa's mission is also to be a neuralgic point in the development and affirmation of the ecosystem as a whole. Startup Lisboa is the reference entity that bridges and connects the different parts of Lisbon's entrepreneurial ecosystem.
How can tech corporates make our ecosystem better?
The contribution of these companies is and may continue to be very relevant. On the one hand, because of their capacity to work with startups, they recognise that their development and innovation areas cannot stick in their internal R&D departments, but they need to know how to work in an open innovation environment. But, on the other hand, they are very relevant for the qualified work opportunities they generate, namely in the IT area, which, if in the short-term, can take away entrepreneurial availability, in the near and medium-term, they will contribute to generating more qualified, experienced and sophisticated professionals and entrepreneurs.
What strengths does Lisbon bring to the international ecosystem?
What we have been doing for a long time in Lisbon, others are also doing. Today it is clear that no region can dispense the contribution of startups and their entrepreneurs for their international competitiveness. If others stand out for their proximity to the major consumer markets, for the ease of access to the capital, the fact that large companies and their decision centres are based in their cities; I believe that Lisbon should and can affirm itself as an ecosystem that combines, like few others, the ability to make available outstanding local talent, to the ability to attract talent because it offers an excellent quality of life, served by an excellent technological infrastructure, with an excellent economy of services and, fundamentally, because we are an open, inclusive society that knows how to provide a sense of welcome like very few others. Suppose we add to all this that we are a relatively sophisticated market and that our consumers are sensitive to innovation. In that case, we have a fascinating dimension to work as a test and validation space in a market that integrates a common European market, thus working excellently to evaluate product-market fit.