Opinião. É importante falhar

Falhar faz parte do crescimento de todas as startups. O sucesso vem com a aprendizagem de todas as vezes que falhamos. É importante falhar o mais rápido possível para encontrar o caminho para o sucesso. Quem nunca falhou, nunca tentou. Quem tem uma startup e nunca ouviu estas frases em algum sitio? Aposto que se tivesse a pedir mãos no ar numa sala de founders todos nos tínhamos uma ou duas mão no ar.

Hoje em dia, cada vez mais ouvimos falar nesta cultura de aceitar o falhanço, mas acho que, como em tudo na vida, levamos sempre tudo ao extremo. Sim é preciso aceitar o falhar, mas devemos esperar por ele como se fizesse parte de ter uma startup?

Bem, eu tenho uma startup e já perdi a conta às vezes que falhei. Aceito isso? Sim, aceito, porque não tenho escolha. Se dependesse de mim, nunca falhava, nunca passava por aquele sentimento horrível que muitos de nós já sentimos.

Mais importante do que aceitar o falhar como algo natural num ecossistema é aprender com as falhas dos outros e em conjunto evitar que ele aconteça, fazer com que ele seja aceite como algo que existe, mas que tem de ser eliminado.

Quantos de nós achamos que o Ronaldo quando falha simplesmente aceita como algo natural? Para mim, a mensagem importante é que não importa se vamos ao tapete 10 vezes desde que nos levantemos 11. Mas, porra, vamos evitar ir ao tapete.

Este tema tem estado em alta no nosso ecossistema ultimamente, todos sabemos dos casos que têm estado em todos os jornais a falar sobre o falhar, muitos de nos tomámos logo um lado, ou criticamos quem falhou, ou atacamos os jornalistas que tiveram o desplante de escrever sobre alguém que falhou.

Sou da opinião de que existem falhas dos dois lados. Sim, falhámos todos mais uma vez, queremos aceitar o falhar como algo natural nas nossas vidas, mas somos os primeiros a não o aceitar, queremos histórias bonitas nos jornais sobre o nosso ecossistema e não estamos preparados para que nada de mau seja dito. Ok, existiam outras formas de algumas coisas serem apresentadas, mas muitas vezes, quando os jornais criam o hype positivo sobre startups também podia ser feito de outra forma e aí nenhum de nós se queixa.

Temos que ser transparentes: ou aceitamos ou não aceitamos. Pessoalmente, não aceito o falhar como algo natural na minha vida. Odeio falhar e, na minha startup, vou já aqui tomar a posição de que, se algum dia ela falhar, vai ser responsabilidade minha. Tenho investidores incríveis, um sócio que para mim é mais que um irmão e uma equipa que para mim é a melhor do mundo. Por isso fica dito e já não vou poder voltar atrás.

João Jesus, CEO da Cuckuu

* Artigo originalmente publicado no Dinheiro Vivo

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